Na sequência da sua participação na preparação da "intentona" revolucionária, prevista eclodir em 26 de Agosto de 1931 e coordenada por Camilo Cortesão, António Costa é preso pela Secção de Vigilância Política e Social da Polícia Internacional Portuguesa (posteriormente designada por PVDE e PIDE) no Porto, em Dezembro de 1931.
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Ficha de Cadastro na PIDE |
Em 22 de Junho de 1932 é "posto em liberdade … sendo-lhe fixada residência em Peniche, por ordem de Sua Exª. Ministro do Interior" .
Em Setembro de 1932 é chamado á sede da PIDE em Lisboa, para prestar declarações. Acompanhado por um guarda prisional, desloca-se para a Estação de S. Mamede (Bombarral), para apanhar o comboio para Lisboa, aproveitando a oportunidade para se evadir.
Em Dezembro de 1932 é-lhe "dada liberdade definitiva, em virtude de ter sido abrangido pelo disposto no Decreto 21.493".
Em Março de 1933 é preso de novo, por alegadamente "estar envolvido em manejos conspiratórios".
Em Novembro de 1933 embarca para Angra do Heroísmo, a bordo do vapor Quanza, a fim de dar entrada no Forte de S. João Baptista.
Aqui é companheiro de destino de João Soares (pai de Mário Soares), Azeredo Antas, Manuel Godinho, José Praça e do escultor João da Silva.
O período de prisão fica assinalado com alguns trabalhos com que procura preencher o seu tempo.
Assim, pinta na parede curva da sua camarata painéis alegóricos, um dedicado à Democracia e outros a Alexandre Herculano e a Mouzinho da Silveira. Aproveita também o tempo disponível para fazer o retrato de alguns amigos, também prisioneiros, tais como Manuel Godinho, José Praça e de outros prisioneiros.
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Painel a Mouzinho da Silveira |
Em Setembro de 1934 regressa de Angra do Heroísmo, sendo restituído à liberdade.
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Placa no Forte de S. João Baptista |
Obs. Numa viagem por mim efectuada em 2002 a Angra do Heroísmo, tive oportunidade de visitar o Forte de S. João Baptista, para aí tentar encontrar memórias da antiga prisão política.
As informações então recolhidas levaram-me à conclusão de que as instalações da prisão terão sido destruídas, e, com elas, os painéis antes referidos.
No inicio dos anos 40 passou a frequentar uma tertúlia que se reunia no Café A Brasileira, então centro político e intelectual da cidade, onde se reuniam as principais figuras da oposição ao regime vigente, entre as quais o Engº Manuel Godinho, o Engº José Praça, o Arqº Januário Godinho e o Engº Luis Soares, entre outros.
Durante os anos em que vivi com o meu Avô, na casa de S. Roque da Lameira, habituei-me às visitas que, de quando em vez, nos faziam os agentes da PIDE, quer para efectuar revistas quer para o levar para interrogatórios.